Avançar para o conteúdo principal

Problema de Eletricidade Th 01

Hoje trago-vos um circuito composto por uma fonte de 24V e 5 resistências. 

Pretende-se conhecer a corrente  que circula em R5 (8 Ohm).

Fig. 1
 

Após analisar o circuito e verificar que o mesmo só possui uma fonte de alimentação, vamos optar pela resolução através do teorema de Thévenin. O teorema de Thévenin diz-nos que qualquer circuito linear visto de um ponto (neste caso o ponto é a R5 de 8 Ohms) pode ser representado por uma fonte de tensão Vth (tensão calculada nesse ponto sem a carga, ou seja em circuito aberto) em série com uma resistência Rth (igual à resistência do circuito vista desse ponto, quando a fonte é substituída por um curto-circuito). Pode parecer complicado, mas não é. Pode ver mais informações sobre o Teorema de Thévenin aqui.

Vamos então desenhar o circuito equivalente de Thévenin:

Passo 1 - Calcular a tensão de Thévenin: Retirar a carga (o ponto onde se pretende analisar, neste caso R5) e calcular a tensão nesse ponto: 

Fig.2

Na junção das resistências R1 e R3, como são iguais, temos metade da tensão aplicada ou seja 12V. Na junção das resistências R2 e R4 temos

A diferença de potencial entre os dois pontos é de 12-8=4V. Estes 4V presentes aos terminais da resistência R5 de 8 ohms (com ela fora de circuito) é a chamada tensão de Thévenin que vamos usar mais à frente. Lembrem-se Vth=4V.

Passo 2: Calcular a resistência de Thévenin: Substituir a fonte por um curto circuito e calcular a resistência equivalente do circuito, visto da carga, ou seja dos pontos onde estava ligada a nossa R5 de 8 Ohms. Ao curto circuitar a fonte o terminal positivo fica ligado ao negativo, pelo que o circuito pode ser representado como na Fig. 3


Fig.3
 
A resistência do circuito vista do lado da carga é R3//R7 + R6//R4 =10+2= 12 Ohms. Esta é a nossa resistência de Thevenin (Rth).
 
Podemos agora representar o circuito inteiro usando o circuito equivalente de Thevenin:
Fig.4

 Com o circuito equivalente de Thévenin, podemos facilmente calcular a corrente que passa em R5. IR5=4/(12+8)=0,2A.
Para confirmar pusemos o circuito original no simulador e obtivemos o mesmo resultado, conforme mostra a Fig. 5
Fig.5

Resumindo:
  1. Abrimos o circuito no ponto a analisar (neste caso R5);
  2. Calculamos a tensão nesse ponto, sem a carga (neste caso R5). A esta tensão chamamos tensão de Thévenin (VTh);
  3. Substituímos a fonte por um curto circuito;
  4. Medimos a resistência do circuito, vista do ponto a analisar (neste caso R5). A esta resistência chamamos resistência de Thévenin (RTh);
  5. Construimos o circuito equivalente de Thévenin, com RTh em série com VTh e aplicamos a carga. Agora é fácil calcular os valores de corrente, tensão e potência na carga.

Espero ter contribuído para a vossa aprendizagem. 

Cumprimentos a todos,

Luís Sousa


Comentários

Mensagens populares deste blogue

Transístores Bipolares BJT - Exercício - ponto de funcionamento DC em repouso

O desafio de hoje é ca lcular o VCE do  transístor, no circuito mostrado na fig.1. O Beta do transístor é 200 e o VBE de 0.7V. O VCC é de 12V conforme mostrado no esquema da figura 1 e o transístor está a funcionar na zona activa directa (não está ao corte nem à saturação). Fig.1 - Circuito a analisar Vamos então ver como chegar ao valor de VCE. Sabemos que VCE=VC-VE. No entanto para conhecer os valores de VC e VE temos de calcular as quedas de tensão em R1 e R4, o que só é possível se conhecermos IC e IE. IC e IE dependem de IB e do Beta do transístor que neste caso é 200. IC=Beta * IB e IE=(Beta+1) * IB. Como temos o Beta, falta-nos então conhecer o valor de IB para poder determinar o valor de IE e IC, que por sua vez nos permitem calcular as tensões no colector e emissor do transístor. Fig.2 Cálculo da tensão de Thevenin Vth Para calcular o IB, vamo-nos socorrer do teorema de Thévenin , que simplifica muito o circuito. Começamos por abrir o ci...

OPAMPs - Ganho em malha fechada - Amplificador inversor

Quanto tempo já gastou a decorar as fórmulas do ganho de tensão das várias montagens possíveis com Ampops? Já imaginou donde vêm essas fórmulas? Fig.1 Montagem Inversora Sabendo as características dos AMPOPs  ideais   não é difícil chegar às fórmulas do ganho de tensão. Vamos então relembrar as características dos amplificadores operacionais ideais: Ganho infinito em malha aberta; Largura de banda infinita; Impedância de entrada infinita; Impedância de saída nula; Ausência de ruído; Offset = zero (exactamente 0 V na saída quando as duas entradas forem exactamente iguais); Sem dependência térmica. Tomando como exemplo a montagem inversora representada na fig 1, vemos que ao abrigo das características ideais dos OPAMPs não existe corrente de entrada, pois a sua impedância é infinita. Logo: A corrente que circula em R1 é igual à corrente que circula em R2; A diferença de potencial entre a entrada positiva e negativa é ~= 0, pelo...

Espelhos de Corrente com Transístores Bipolares

Considerações Iniciais Apesar de alimentação geral de um sistema ser feita por fontes de tensão, é por vezes  vantajoso  alimentar  circuitos com fontes de corrente.  Uma fonte de corrente é um circuito que gera uma corrente constante obtida a  partir de uma fonte de tensão.  No caso dos circuitos integrados, as fontes de corrente são usadas com frequência para impor uma corrente num circuito, evitando assim usar resistências.  As resistências não são adequadas para uso interno em circuitos integrados, pois ocupam uma área grande na pastilha de silício .  A polarização de transístores  dentro de um circuito integrado é frequentemente baseada no uso de fontes de corrente constante. Como normalmente são precisas várias, estabelece-se uma corrente de referência que posteriormente é replicada ou copiada as vezes necessárias através de um circuito designado espelho de corrente . A corrente de referência pode ser gerada com uma resistênci...